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O Jejum Cristão: Caminho de Sacrifício e Renovação Espiritual

  • pgribeiror
  • 24 de set. de 2024
  • 7 min de leitura

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Introdução ao Jejum Cristão

O jejum, uma prática espiritual antiga e presente em diversas tradições religiosas, ocupa um lugar central na vida cristã. Desde os tempos bíblicos até os dias atuais, o jejum é entendido não apenas como uma privação física de alimentos, mas como um gesto de sacrifício pessoal que visa à conversão do coração e à busca de uma intimidade mais profunda com Deus. No contexto cristão, o jejum está intimamente ligado à oração, à penitência e à caridade, sendo uma forma de preparar a alma para receber as graças divinas e fortalecer a fé.

Ao longo da Bíblia, o jejum é apresentado como um meio poderoso de arrependimento e de renovação espiritual. No Antigo Testamento, vemos figuras como Moisés (Êxodo 34,28) e Elias (1 Reis 19,8), que jejuaram em momentos de profundo encontro com Deus. O profeta Isaías também enfatiza que o verdadeiro jejum agrada a Deus quando é acompanhado de justiça e misericórdia (Isaías 58,6-7). No Novo Testamento, o próprio Jesus Cristo jejuou por quarenta dias no deserto, antes de iniciar seu ministério público, e ensinou seus discípulos sobre a importância de jejuar com humildade e discrição (Mateus 6,16-18).

Na Tradição da Igreja, o jejum é visto como um meio de purificação e de crescimento espiritual. Durante a Quaresma, em especial, os cristãos são chamados a jejuar em preparação para a Páscoa, em uma atitude de arrependimento e renovação da vida interior. Os Santos Padres e doutores da Igreja, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, ensinaram que o jejum ajuda a controlar as paixões, disciplinar o corpo e elevar a alma a Deus.

Além do aspecto pessoal, o jejum tem também um caráter comunitário e eclesial. Em diversas passagens bíblicas, vemos o povo de Deus se unindo em jejum e oração em momentos de crise ou de busca por orientação divina (Joel 2,12). O jejum, portanto, é uma expressão de solidariedade espiritual, onde os cristãos oferecem seu sacrifício por uma causa maior, seja pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo, ou por uma intenção particular.

Embora o jejum envolva a renúncia ao alimento, ele pode se manifestar de outras formas, como a abstinência de prazeres e atividades cotidianas. Mais do que uma simples privação, o jejum cristão é um convite à reflexão, à escuta da vontade de Deus e à transformação interior. Ao jejuar, o cristão se abre para uma relação mais profunda com o Senhor, permitindo que seu sacrifício seja um meio de graça e renovação.

Em suma, o jejum é uma prática espiritual de grande valor no cristianismo, que transcende o aspecto físico e nos convida a uma vida mais centrada em Deus e no serviço ao próximo. Através do jejum, o corpo e a alma são orientados para a santidade, fazendo com que o cristão participe mais plenamente do mistério de Cristo.


O jejum, especialmente na tradição católica, é uma prática espiritual de autonegação e disciplina para fortalecer a vida de oração e buscar maior união com Deus. Existem diferentes tipos de jejum, que podem variar em rigor e propósito, mas seguem algumas diretrizes básicas.

1. Jejum Eclesiástico (Religioso ou Tradicional)

Este tipo de jejum é orientado pela Igreja, especialmente em períodos como a Quaresma e outras ocasiões penitenciais.

  • O que pode comer: geralmente, uma única refeição completa por dia é permitida, com até duas pequenas refeições que, juntas, não equivalem a uma refeição completa. Alimentos simples e frugais são preferidos.

  • Dias obrigatórios: O jejum obrigatório na Igreja Católica ocorre principalmente na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Fieis entre 18 e 59 anos são chamados a seguir esse jejum.

2. Jejum à Base de Água e Pão

Esse é um jejum mais rigoroso, muitas vezes utilizado para penitência mais profunda ou em contextos de oração intensa.

  • O que pode comer: apenas pão e água são consumidos. Este jejum busca simplicidade e autossacrifício, imitando o exemplo de santos que praticaram mortificações severas.

  • Frequência: Algumas pessoas fazem esse tipo de jejum uma vez por semana (por exemplo, às sextas-feiras) como forma de lembrar a Paixão de Cristo.

3. Jejum Intermitente ou Parcial

O jejum intermitente envolve períodos definidos de abstinência alimentar, onde a pessoa se abstém de comer por horas ou parte do dia.

  • O que pode comer: durante os horários de alimentação permitidos, podem-se consumir alimentos comuns, mas muitos preferem alimentos simples. A ideia é manter um período de jejum (por exemplo, 16 horas sem comer, 8 horas com alimentação leve).

  • Frequência: Pode ser praticado durante várias semanas ou meses como parte de uma disciplina espiritual.

4. Jejum de Alimentos Específicos (Abstinência)

Esse tipo de jejum não é tanto sobre a quantidade de comida, mas sobre a renúncia de certos alimentos. Um exemplo comum é a abstinência de carne.

  • O que pode comer: Pode-se consumir alimentos variados, mas com a exclusão de carne, laticínios ou outros itens de escolha pessoal, dependendo da penitência desejada. Na Quaresma, por exemplo, os católicos são encorajados a evitar carne às sextas-feiras.

  • Frequência: Pode ser feito em dias específicos da semana (como a sexta-feira) ou durante temporadas penitenciais, como a Quaresma.

5. Jejum de Líquidos

Esse é um jejum onde a pessoa se abstém de alimentos sólidos, ingerindo apenas líquidos.

  • O que pode comer: apenas líquidos são consumidos, que podem incluir água, sucos naturais, chás, caldos leves, ou sopas líquidas.

  • Frequência: Pode ser feito por um ou mais dias como forma de intensificar a oração e o foco espiritual.

Considerações

  • Jejum com Propósito Espiritual: O objetivo principal do jejum é o crescimento espiritual, a prática da autonegação e uma maior sintonia com a oração. Ele é sempre acompanhado de oração e deve ser feito com humildade e discernimento.

  • Moderação: Jejuns extremos podem não ser recomendados para todos, especialmente para aqueles com condições de saúde específicas. Nestes casos, o ideal é buscar orientação de um sacerdote ou diretor espiritual, ou mesmo um médico.

O jejum pode ser adaptado de acordo com suas capacidades, sempre tendo como foco o coração penitente e a entrega a Deus.


Oração ao Iniciar o Jejum

"Senhor Deus, Pai de bondade infinita, eu venho diante de Ti neste dia para oferecer este jejum como um sacrifício de amor e penitência. Tu sabes das minhas fraquezas, dos meus pecados e das minhas necessidades. Peço-Te, com humildade, que aceites este pequeno esforço como uma oferta de meu coração arrependido.

Eu ofereço este jejum, Senhor, com a intenção de [mencionar sua intenção específica], e peço que por Teu poder, sabedoria e misericórdia, atendas este meu pedido se for da Tua vontade.

Dá-me força para perseverar, paciência para suportar e humildade para confiar plenamente em Ti. Que este jejum me aproxime mais de Ti, purifique meu espírito, e me ajude a crescer em santidade e amor para Contigo e com o próximo.

Jesus, que jejuaste no deserto e venceste toda tentação, dá-me o exemplo e a graça para que eu também vença as tentações que surgirem durante este período.

Que, ao final deste jejum, meu coração esteja mais puro, minha fé mais forte e minha alma mais unida a Ti.

Por intercessão da Santíssima Virgem Maria e de todos os santos, eu confio este sacrifício nas Tuas mãos. Amém."


Oração Durante o Jejum

"Senhor Jesus, neste momento de jejum, venho a Ti em oração. Ajuda-me a lembrar que este sacrifício é por amor a Ti e que é um ato de penitência e humildade.

Renova minhas forças e mantém-me firme em minha intenção de [mencionar sua intenção específica]. Que cada momento de fome me leve a buscar mais a Tua Palavra e a Tua presença, e que este jejum seja um caminho de conversão e purificação da minha alma.

Fica comigo, Senhor, e guia meus passos. Amém."


O jejum é uma prática espiritual que encontra fundamentos na Bíblia e na tradição da Igreja. A oração, como parte do jejum, é amplamente incentivada para que o sacrifício não seja apenas físico, mas também uma oferta espiritual de conversão e proximidade com Deus. A seguir, apresento algumas referências bíblicas e da tradição cristã que apoiam a prática de jejum com oração:

1. Referências Bíblicas

  • Mateus 6,16-18: Jesus fala sobre a importância do jejum ser discreto e sincero, não para impressionar os outros, mas para estar em comunhão com Deus. Ele também mostra que o jejum não é um fim em si mesmo, mas deve ser realizado com humildade.

    "Quando jejuardes, não façais uma cara triste, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando... O teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará."

  • Isaías 58,6-7: O profeta Isaías descreve o tipo de jejum que agrada a Deus, um jejum acompanhado de atos de justiça e misericórdia, reforçando que a prática deve ser acompanhada de mudança de vida.

    "Acaso não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, e deixes livres os oprimidos? Não é também que repartas o teu pão com o faminto?"

  • Joel 2,12: O profeta Joel convida o povo ao arrependimento, com jejum e oração, como meio de buscar o perdão e a misericórdia de Deus.

    "Agora, pois, ainda diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, e isso com jejuns, com choro e com pranto."

  • Atos 13,2-3: Os apóstolos jejuavam e oravam para discernir a vontade de Deus e antes de enviar missionários.

    "Enquanto eles celebravam o culto do Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: 'Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado'. Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram."

2. Tradição da Igreja

  • Catecismo da Igreja Católica (CIC 1434-1438): O Catecismo menciona o jejum como uma forma de penitência, especialmente durante o tempo da Quaresma. A prática do jejum, acompanhada de oração e caridade, é um meio eficaz de conversão.

    “Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico são momentos fortes de prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, liturgias penitenciais, peregrinações, privação voluntária de algo (jejum, esmola, abstinência), e ofertas voluntárias..." (CIC 1438)

  • Encíclica Paenitentiam Agere de João XXIII: O Papa João XXIII fala sobre a importância da penitência e do jejum como meios de conversão e renovação espiritual. Ele reforça que o jejum deve ser sempre acompanhado de oração e atos de caridade.

3. Jejum e Oração na Vida dos Santos

  • São Francisco de Assis: Praticava o jejum rigoroso, sempre com o foco na oração e no desapego do mundo. Ele acreditava que o jejum deveria purificar a alma e aproximá-lo mais de Deus.

  • Santa Teresinha do Menino Jesus: Dizia que pequenos sacrifícios oferecidos com amor a Deus têm grande valor espiritual, especialmente quando acompanhados de oração.

  • Santo Agostinho: Considerava o jejum uma forma de "elevar o espírito acima das coisas materiais" e incentivava a oração durante o jejum para que o sacrifício tivesse um propósito espiritual.

Conclusão

O jejum, conforme a Bíblia e a Tradição da Igreja, sempre está ligado à oração e à conversão. Ao jejuar, os fiéis são chamados a oferecer suas intenções, pedindo a Deus força e discernimento para crescer espiritualmente e aproximar-se Dele.


Pedro Gonçalves Ribeiro

 
 
 

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